Este tipo de câncer apresenta bom prognóstico quando detectado precocemente, no entanto, o tratamento cirúrgico em virtude da sua dimensão, bem como da retirada de linfonodos, e o clínico, principalmente pela radioterapia, poderão trazer algumas complicações que podem afetar a qualidade de vida das mulheres nos aspectos físicos, sociais e emocionais, e que devem ser tratadas o mais rapidamente possível pela Fisioterapia.
Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), o câncer de mama é o segundo tipo mais frequente do mundo e o primeiro entre as mulheres. Estimam-se 57.120 novos casos para 2014. As principais modalidades de tratamento para este tipo de câncer são a cirurgia, que pode ser radical ou conservadora, a quimioterapia, a radioterapia e a hormonioterapia.
Câncer de Mama
◼︎ PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES
◉ SUGESTÕES DE TRATAMENTO
No gráfico abaixo é possível visualizar as sugestões de tratamento fisioterápico para cada uma das principais complicações.
Clique na complicação abaixo (cor escura) para ver mais informações e detalhes dos tratamentos.
Linfotaping
Auto-massagem Linfática
Fisioterapia Complexa Descon-gestiva
Cuidados com Linfedema
Compressão
Pneumática
Drenagem Linfática Manual
Exercícios Miolinfo-cinéticos
Dessensibi-lização
O linfedema é uma complicação bastante comum após as cirurgias para o tratamento do câncer de mama. Para um melhor controle e segurança no procedimento cirúrgico é necessária muitas vezes a retirada dos linfonodos axilares (linfonodectomia), principal via de metástase do câncer. Após a linfonodectomia, a circulação linfática ficará comprometida, diminuindo a velocidade do transporte de líquidos bem como a defesa do braço contra agressores (bactérias por ex.). O Linfedema pode aparecer em qualquer época após as cirurgias, principalmente após os 2 primeiros anos, época em que as pacientes estão mais tranquilas a respeito do tratamento clínico e de todo o processo de saúde-doença. O Linfedema pode levar a grandes complicações físicas e psicossociais, podendo alterar a qualidade de vida das mulheres. Esta complicação consiste numa falha no sistema linfático. O líquido estagnado no membro é rico em proteínas, podendo gerar fibroses com grande volume na área acometida. O tratamento do linfedema é complexo e necessita de acompanhamento especializado. É importante destacar a participação da mulher no autocuidado com o membro, prevenindo lesões, diminuindo a sobrecarga e evitando assim o aparecimento do linfedema. Caso o linfedema tenha se instalado, principalmente após erisipelas, procure imediatamente um Fisioterapeuta.
Linfedema ◼︎
TRATAMENTOS ◉ Linfedema
Fisioterapia Complexa Descongestiva
A Fisioterapia Complexa Descongestiva (FCD) é o padrão ouro no tratamento do Linfedema, indicado pela Sociedade Internacional de Linfologia. A técnica é composta por drenagem linfática manual, enfaixamento compressivo, exercícios e cuidados com a pele. A FCD é realizada em duas fases: na primeira fase (tratamento) o principal objetivo é mobilizar a linfa acumulada, reduzir a fibrose tecidual, procurando reduzir ao máximo o volume do membro – é nesta fase que será realizado o enfaixamento compressivo (com bandagens de baixa elasticidade), a drenagem linfática manual, os exercícios miolinfocinéticos (exercícios que ativam a circulação linfática) e cuidados especiais com a pele. A primeira fase tem um tempo médio de 5 semanas de tratamento, onde o Fisioterapeuta acompanhará a evolução das medidas do membro tratado. Esta fase é realizada, no mínimo, 3 vezes por semana.
A segunda fase é chamada de “fase de manutenção” onde poderão ser utilizadas bandagens de baixa elasticidade à noite, e meias de compressão durante o dia associadas a realização de exercícios diários, auto massagem de drenagem linfática, cuidados com a pele e controle do peso também são indicados. É importante ressaltar que nesta fase, a participação do paciente nos cuidados e orientações é fundamental para o sucesso da terapia. Para uma boa redução do volume do membro afetado, bem como manutenção da boa condição da pele é necessário que o Fisioterapeuta habilitado no tratamento dos Linfedemas utilize a FCD como um todo, pois estudos demonstram uma baixa eficácia das técnicas quando utilizadas separadamente.
Drenagem Linfática Manual
A Drenagem Linfática Manual (DLM) é um dos principais componentes da Fisioterapia Complexa Descongestiva (FCD) e pode ser utilizada isoladamente nos tratamentos dos linfedemas em fases iniciais. Caso o membro já tenha um grande acúmulo de fibrose com aumento de volume da área, deve ser realizada a Fisioterapia Complexa Descongestiva como um todo. O objetivo da DLM é direcionar o edema para vias que se mantém íntegras após as incisões cirúrgicas, as axilares contralaterais e as inguinais homolaterais por exemplo, podendo, então, ser reabsorvido. A linfa pode ser movimentada pelas regiões anterior e posterior através das anastomoses. A drenagem linfática manual deve ser realizada por fisioterapeutas com formação específica na técnica.
Linfotaping
O Linfotaping, técnica derivada do Kinesiotaping, desenvolvido na década de 70 pelo quiroprata e kinesiólogo Kenzo Kase, é uma das formas de aplicação do conceito inicial, para problemas de origem circulatório-linfáticas. A bandagem elástica pode potencializar os atuais tratamentos para o linfedema como a Fisioterapia Complexa Descongestiva. O Linfotaping tem a propriedade de elevar a pele e favorecer a abertura das vias linfáticas superficiais na área afetada, impulsionando o fluxo linfático, isto é muito importante pois, possibilita direcionarmos o fluxo para as áreas livres e prontas para reabsorver o edema. O Linfotaping continua a facilitar o fluxo linfático por 3-5 dias durante seu uso. A técnica pode ser utilizada em cicatrizes hipertróficas, que apresentam fibroses, e também em regiões com hematomas favorecendo rapidamente sua absorção. O paciente em uso do linfotaping pode tomar banho sem tirar a bandagem, visto que o material é resistente à água. Os pacientes podem ficar com a bandagem por 3 a 4 dias. Para aqueles pacientes com baixa adesão a Fisioterapia Complexa Descongestiva com o uso de bandagens e luvas compressivas, o Linfotaping tem se mostrado uma excelente proposta com resultados favoráveis.
Auto Massagem Linfática
Durante e após o tratamento fisioterapêutico para o Linfedema, a paciente deverá realizar a automassagem de drenagem linfática, com o objetivo de acelerar a reabsorção do líquido congestionado no membro. A auto massagem deve ser realizada com a ativação dos linfonodos axilares contralaterais e inguinais homolaterais, seguida de movimentos nas anastomoses direcionando para estes linfonodos, a fim de conduzir linfa estagnada nas áreas edemaciadas. As manobras devem ser realizadas 2 a 3 vezes ao dia.
Exercícios Miolinfocinéticos
Estes exercícios mobilizam a linfa, e favorecem seu direcionamento para linfonodos livres e sua absorção. São realizados movimentos de membros superiores em todas as amplitudes. Podem ser usados acessórios para auxiliar no movimentos (bolas, bastões etc.) É importante realizar exercícios durante todo o tratamento do Linfedema (mesmo que esteja enfaixado, com luvas compressivas ou linfotaping) pois a contração muscular funciona como uma “bomba” do sistema linfático, ativando toda a circulação.
COMPRESSÃO PNEUMÁTICA
A Compressão Pneumática (CP) é parte importante no tratamento do Linfedema, e deve ser associada ao uso das outras modalidades de tratamento, como a Fisioterapia Complexa Descongestiva (FCD). Esta terapia, apesar do seu grande uso no tratamento do Linfedema, envolve alguns questionamentos em relação a sua eficácia. A CP exerce uma pressão nos vasos linfáticos, drenando o excesso de líquido para as áreas proximais por meio de câmaras de ar de diferentes formatos, através de um sistema de ar comprimido. O equipamento pode ter um único compartimento ou múltiplos, que insuflam sequencialmente. A CP com uma única câmara de alta pressão comprime o membro todo de uma única vez, e a literatura internacional declara que este método está fora de uso, inclusive podendo aumentar o linfedema por provocar o colapso dos vasos linfáticos e prejudicar o sistema venoso. Alguns autores relataram efetividade da Compressão Pneumática quando esta foi associada à Fisioterapia Complexa Descongestiva no tratamento do linfedema pós-mastectomia, no entanto os resultados não foram favoráveis em estudos onde a técnica foi utilizada isoladamente ou em associação com a Drenagem Linfática Manual. Autores declaram que apesar da redução na circunferência do membro com o uso da CP, não houve transporte de proteínas, desta forma esta redução deu-se apenas pelo transporte de água.
Apesar da técnica de Compressão Pneumática ainda ser utilizada no tratamento do linfedema, não existem evidências suficientes que suportam e recomendam seu uso. As publicações a respeito deste tema são de baixa qualidade metodológica, dificultando a indicação ou mesmo contraindicação desta terapia, sendo assim, a sua utilização deve ser associada a outras técnicas e não utilizada isoladamente.
Cuidados com o Linfedema
Os cuidados com o membro e áreas afetadas devem seguir por toda a vida, e não somente nos primeiros anos após a cirurgia.
Evitar:
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Fazer grandes esforços, como carregar pesos.
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Praticar movimentos repetitivos.
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Verificar a pressão arterial no lado da cirurgia.
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Tomar injeções no lado operado.
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Coletar sangue para exames no lado operado.
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Receber soro no lado operado.
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Queimar, ferir ou arranhar o lado operado. Caso aconteça, tenha em mãos um antisséptico e procure um médico caso apresente vermelhidão, sensação de calor e dor na região.
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Usar relógios ou pulseiras apertadas no lado operado.
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Expor-se excessivamente ao sol. Use protetor solar diariamente também no braço.
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Usar substâncias irritantes que ressequem a pele. Use sempre um hidratante com PH neutro para manter sua pele hidratada e nutrida.
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Raspar a axila do lado operado. Procure usar apenas um creme depilatório ou uma tesoura sem pontas para remover os pelos.
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Contato direto da mão com esponja de aço. Use luvas para procedimentos na cozinha e jardinagem.
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Usar soutien apertado.
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Ingerir alimentos condimentados e salgados.
A Síndrome da Rede Axilar (SRA) é uma complicação comum e pode acontecer nas primeiras semanas de pós-operatório. É caracterizada por cordões fibróticos na região da mama e/ou axila que podem se estender até o punho e ainda parede abdominal, ocasionado importante diminuição da amplitude de movimento e dor. Embora a frequência da síndrome da rede axilar seja alta, ela é pouco relatada na literatura. A causa desta síndrome parece estar relacionada com a lesão de linfáticos no momento da cirurgia de esvaziamento axilar, ainda que tenha realizado somente a técnica do Linfonodo Sentinela. A SRA pode ter uma resolução espontânea em 3 meses, no entanto, neste período ela é extremamente limitante, causando importante quadro de dor e redução da amplitude de movimento. O Fisioterapeuta deve ser contactado o quanto antes, para que possa facilitar a resolução precoce da SRA.
Síndrome da Rede Axilar ◼︎
TRATAMENTOS ◉ Síndrome da Rede Axilar
Linfotaping
O Linfotaping, técnica derivada do Kinesiotaping, desenvolvido na década de 70 pelo quiroprata e kinesiólogo Kenzo Kase, é uma das formas de aplicação do conceito inicial, para problemas de origem circulatório-linfáticas. O Linfotaping tem a propriedade de elevar a pele e favorecer a abertura das vias linfáticas superficiais na área afetada, impulsionado o fluxo linfático. O Linfotaping continua a facilitar o fluxo linfático por 3-5 dias durante seu uso. Na Síndrome da rede axilar, o Linfotaping é colocado de forma a mobilizar os cordões, dissolvendo-os, e desta forma restabelecendo o fluxo linfático e melhorando a amplitude de movimento. O paciente em uso do linfotaping pode tomar banho sem tirar a bandagem, visto que o material é resistente à água. Os pacientes podem ficar com a bandagem por 3 a 4 dias.
Drenagem Linfática Manual
Drenagem Linfática Manual (DLM) pode ser utilizada no tratamentos da Síndrome da rede axilar. O objetivo da DLM é mobilizar a linfa, a fim de redirecionar o fluxo linfático e favorecer sua absorção. Deve ser realizada em todo o membro com manobras de absorção e evacuação. A drenagem linfática manual deve ser realizada por fisioterapeutas com formação específica na técnica.
Exercícios e Terapia Manual
Os exercícios mobilizam a linfa, e favorecem seu direcionamento para linfonodos livres e sua absorção. São realizados movimentos de membros superiores em todas as amplitudes. Podem ser usados acessórios para auxiliar no movimentos (bolas, bastões etc.) É importante realizar exercícios durante todo o tratamento da Síndrome da Rede Axilar, sempre atento aos limites da paciente, visto que esta complicação causa muita dor. Técnicas de alongamentos de tecidos moles, mobilização tecidual, descolamento miofascial também são indicadas no tratamento da Síndrome.
TENS
Na literatura, observa-se que o uso da Eletroestimulação Nervosa Transcutânea (TENS) é favorável no alívio da dor. As pacientes com Síndrome da Rede Axilar apresentam dor em todo o trajeto dos coletores linfáticos atingidos, associada a diminuição da ADM na região. A TENS parece ser uma boa opção com resultados rápidos. A Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS) é um recurso utilizado na fisioterapia para aliviar os sintomas de sensibilidade e dor. Trata-se de uma técnica não-invasiva feita por meio de eletrodos que são colocados nos pontos de dor, promovendo uma estimulação suave e segura e levando a um bloqueio da mensagem dolorosa desta área ao sistema nervoso central.
Complicações Cicatriciais ◼︎
As cicatrizes, independente da sua localização, podem afetar sobremaneira a qualidade da pele, bem como todo o tecido abaixo e ao redor desta. O tecido cicatricial pode aderir em tendões, ligamentos, cápsulas articulares, tecido conjuntivo e pele. Cicatrizes não tratadas podem causar contraturas, diminuição da ADM, diminuição do fluxo linfático e em casos mais graves, como queimaduras, pode causar deformidades, dor e desconforto. As cicatrizes quando aderidas, bloqueiam o fluxo linfático podendo causar fibroses e edemas na região. Para tratar o tecido cicatricial é necessário realizar uma avaliação criteriosa da cicatriz, buscando conhecer a qualidade do tecido formado e se existem restrições quanto ao movimento desta em diferentes direções. É importante verificar o tempo da cicatriz, se é recente ou não. As complicações cicatriciais após as cirurgias para tratamento do câncer de mama são bem comuns, independente do tipo de cirurgia realizado. São importantes alguns cuidados iniciais para que a cicatrização possa acontecer da forma mais natural possível. São comuns nos primeiros dias as deiscências cicatriciais (abertura da cicatriz), e cuidados devem ser tomados. Mais tardiamente podemos encontrar aderências, retrações, fibroses, cicatrizes hipertróficas que podem ser tratadas pela Fisioterapia.
TRATAMENTOS ◉ Complicações Cicatriciais
Linfotaping
O Linfotaping pode auxiliar no tratamento das cicatrizes por auxiliar na deposição das fibras de colágeno, reduzindo atrofias e aderências, suavizando e “nivelando” a cicatriz, além de melhorar a maleabilidade e reduzir o risco de contraturas. As aplicações são realizadas com diferentes tensões nas bandagens, relacionadas ao objetivo do tratamento. A técnica oferece excelentes resultados em cicatrizes antigas com alto grau de restrição e em grandes aderências. É importante salientar que a técnica deve ser aplicada por Fisioterapeuta habilitado com formação específica em Linfotaping.
Terapias Manuais
Manobras de terapia manual em cicatrizes são válidas e com excelentes resultados. A massagem aumenta a flexibilidade e diminui o diâmetro cicatricial. Podem ser utilizados descolamento, massagens transversas, liberação tecidual, cyriax entre outros. A drenagem linfática manual pode ser empregada na fase pós operatória para prevenção de deiscências cicatriciais, pois estimula e acelera a absorção da linfa intersticial e a velocidade de fluxo linfático, minimizando o edema e impedindo a estagnação e a coagulação desse líquido repleto de macromoléculas proteicas com consequentes fibrose e aderência. É importante respeitar o tempo da cicatriz, principalmente a retirada dos pontos nas mais recentes, para iniciar os tratamentos propostos.
Exercícios
Os exercícios promovem um estímulo mecânico, e durante o processo de reparo tecidual em uma cicatriz podem ser benéficos na prevenção de prejuízos funcionais. Os exercícios podem melhorar o aspecto tecidual, uma vez que promovem uma melhor mobilidade e flexibilidade dos tecidos moles, e este fator, parece contribuir numa melhor regeneração e remodelamento.
O seroma é uma das complicações mais frequentes no pós-operatório de cirurgia da mama. Este problema ocorre pelo extravasamento de plasma e linfa para a cavidade virtual entre a parede torácica e os retalhos cutâneos criados pela cirurgia mamária. Surge ainda como consequência de uma extensa secção de vasos sanguíneos e linfáticos. Considera-se que poderá resultar de um processo inflamatório e cicatricial aumentado (fase exsudativa) e com aumento de atividade fibrinolítica. Pode, assim, ser considerado como um efeito colateral da cirurgia e não como complicação. Alguns cuidados devem ser tomados para não aumentar o seroma no pós operatório, bem como para tratá-lo. Poderão ser necessárias punções para a retirada do líquido acumulado. A Fisioterapia poderá contribuir na absorção do seroma, e deve ser iniciada já no pós operatório.
Seroma ◼︎
TRATAMENTOS ◉ Seroma
Drenagem Linfática Manual
A Drenagem Linfática Manual (DLM) pode ser utilizada no tratamentos do seroma e deve ser iniciada no pós operatório imediato. O objetivo da DLM é mobilizar a linfa, longe da área afetada a fim de redirecionar o fluxo linfático e favorecer sua absorção. Deve ser realizada já no pós operatório imediato, estimulando áreas livres com manobras de evacuação e reabsorção. A drenagem linfática manual deve ser realizada por fisioterapeutas com formação específica na técnica, e deve continuar durante os primeiros meses de pós operatório.
Linfotaping
O Linfotaping deve ser aplicado de acordo com a anatomia do fluxo linfático. A bandagem eleva a pele, abrindo os linfáticos iniciais e reduzindo a pressão sobre os vasos sanguíneos, agindo como um condutor da linfa, movendo-a de áreas de alta pressão para áreas de baixa pressão. No seroma, o linfotaping pode ser aplicado nas anastomoses axilo axilares anterior e posterior, e deve ser direcionado para a axila contralateral. Pode ser associado ao enfaixamento torácico, nos casos de seroma persistente.
Exercícios
Os exercícios devem ser iniciados no pós operatório, incialmente com movimentos longe da área afetada, como mobilização de antebraço, punhos e mãos, seguindo para o ombro. Na realização dos movimentos de cintura escapular, deve-se respeitar o limite de 90° (flexão e abdução), para não aumentar o volume de liquido drenado, não aumentar o tempo de permanência do dreno torácico e não aumentar o seroma. Após a retirada do dreno, pode-se dar início à recuperação total dos movimentos de ombro. Caso permaneça o seroma, os movimentos devem ainda ficarem restritos a 90°.
Lesão do Nervo Intercostobraquial ◼︎
O nervo Intercostobraquial (ICB) é um nervo sensitivo, responsável pela sensibilidade dolorosa da região medial e póstero-superior do braço e axila. Quando lesionado durante o procedimento cirúrgico, a paciente pode sentir hiperestesia (dor, latejamento ou queimação) na região interna do braço, ou ainda uma hipoestesia (diminuição da sensibilidade e sensação de dormência). Na prática, a paciente poderá demonstrar dificuldades em encostar o braço no tronco, sendo comum apresentar-se com a mão na cintura para evitar este desconforto. As sequelas geradas pela lesão do ICB dificultam o ganho de amplitude de movimento nos últimos graus de abdução do ombro, provocando um encurtamento muscular e prejudicando as pacientes nas suas atividades de vida diária.
TRATAMENTOS ◉ Lesão do Nervo Intercostobraquial
Dessensibilização
A técnica de dessensibilização pode ser realizada com a paciente sentada ou deitada, e consiste em realizar fricções contínuas de intensidade moderada com elementos de diferentes texturas, tais como algodão, toalha felpuda, bucha vegetal, escova de dente, materiais quentes e frios a fim de estimular a sensibilidade. Cuidado para não machucar o local. As sessões inicialmente devem durar 5 minutos, para aumentar o tempo conforme a evolução.
O nervo Torácico Longo (TL) é também conhecido como Nervo de Bell e é responsável pela inervação do músculo serrátil anterior. Sua principal função é a de manter a escápula contra o tórax, bem posicionada, durante os movimentos do ombro. Quando este nervo é lesionado, a escápula fica instável e proeminente, e quando a paciente tenta movimentar seu ombro ela desloca-se para trás com um aspecto de asa, por isso é chamada de “escápula alada”. A lesão pode vir acompanhada de dor, fraqueza, desconforto e diminuição da amplitude de movimento. o nervo TL pode recuperar-se desta lesão espontaneamente, e a paciente não mais referirá sintomas, no entanto algumas pacientes, apesar de recuperarem os movimentos, podem evoluir com alguma deformidade na área. Quanto mais precoce o início da Fisioterapia, mais rapidamente a paciente irá recuperar a função e movimentos do seu ombro.
Lesao do Nervo Torácico Longo ◼︎
TRATAMENTOS ◉ Lesao do Nervo Torácico Longo
Exercícios
Devem ser iniciados assim que a lesão for diagnosticada a fim de que não se instalem sequelas permanentes. Os exercícios de forma precoce evitarão que a paciente evolua com fraqueza muscular e restrição de movimentos. Um programa de exercícios de resistência focado nos músculos rombóides e elevador da escápula e trapézio podem melhorar a postura, a amplitude de movimento do ombro e diminuir a dor. Os alongamentos de peitorais são de extrema importância na melhora da postura. Em resumo, deve-se fortalecer a cadeia muscular posterior e alongar a cadeia muscular anterior.
Eletroestimulação
Na literatura, observa-se que o uso da Eletroestimulação Nervosa Transcutânea (TENS) é favorável para o alívio da dor. Os pacientes com lesão do nervo torácico longo podem apresentar dor crônica em região da cintura escapular, associada a pontos-gatilhos devido a sobrecarga da musculatura Peri escapular, na tentativa de manter a escápula numa boa posição. A TENS parece ser uma boa opção com resultados rápidos. A Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS) é um recurso utilizado na fisioterapia para aliviar os sintomas de sensibilidade e dor. Trata-se de uma técnica não-invasiva feita por meio de eletrodos que são colocados nos pontos de dor, promovendo uma estimulação suave e segura e levando a um bloqueio da mensagem dolorosa desta área ao sistema nervoso central.
Kinesio Taping
O objetivo com a aplicação das bandagens é o de promover efeitos diretamente sobre a musculatura, estimulando e ativando o músculo ou grupo muscular durante o movimento. Com a bandagem posicionada na escápula, é possível melhorar a contração sinérgica do serrátil enfraquecido (nas lesões parciais), reduzindo episódios de fadiga, contraturas e espasmos. Pode-se ainda realizar uma correção mecânica, através do posicionamento, com o objetivo de estabilizar e melhorar a biomecânica do movimento. É importante avaliar a pele, a sensibilidade, e utilizar bandagens de boa qualidade para evitar reações alérgicas ou estímulos indesejáveis.
A diminuição da amplitude de movimento da cintura escapular é uma das principais complicações após as cirurgias para tratamento do câncer de mama. Vários são os fatores que contribuem para a perda do movimento, tais como: cirurgias mais radicais, posicionamento indevido da paciente no transoperatório, esvaziamento axilar, cuidados inadequados com o posicionamento do membro no pós operatório, imobilidade, realização de exercícios sem orientação, disfunções prévias na articulação do ombro, radioterapia, idade avançada, obesidade, entre outros. O descolamento da fáscia do músculo peitoral maior é um dos grandes contribuintes para a perda de movimento. A dor na incisão bem como adesões na parede torácica podem contribuir nas restrições. Logo no pós operatório, a paciente assume uma postura de proteção, provocando uma contração muscular reflexa da cintura escapular e cervical, ocasionado dor e perda de movimento. As alterações posturais também podem levar a um quadro de restrição da amplitude de movimento e dor. A paciente que realizou cirurgia para tratamento do câncer de mama, tem a tendência em elevar e rodar internamente o ombro, levando a importante alterações. A Fisioterapia deverá ser iniciada o mais breve possível evitando as restrições de movimento, melhorando a funcionalidade do membro superior e a qualidade de vida da paciente.
Diminuição da Amplitude de Movimento ◼︎
TRATAMENTOS ◉ Diminuição da Amplitude de Movimento
Exercícios
A Fisioterapia deve ser iniciada precocemente, já no pós operatório, com o objetivo de evitar o linfedema, as retrações e disfunções na articulação do ombro. Inicialmente deve-se respeitar o limite de 90° de flexão e abdução do ombro enquanto a paciente estiver com dreno e pontos para evitar a formação de seroma, e caso apresente deiscência cicatricial. O início dos exercícios ativos para recuperação completa da ADM se dá em aproximadamente 15 dias de pós operatório. Podem ser realizados exercícios em todas as amplitudes sob a supervisão do Fisioterapeuta.
Terapia Manual
A mobilização articular deve ser realizada o mais precocemente para evitar aderências e retrações articulares e musculares. O objetivo da terapia manual é o de aliviar o quadro de dor e melhorar a função. É importante alongar, mobilizar e manipular os tecidos moles para que eles não impeçam o movimento. A mobilização articular objetiva restaurar a mecânica articular normal, indicada no tratamento da rigidez, hipomobilidade, limitação progressiva, imobilidade funcional e dor.
A terapia manual deve ser evitada quando o paciente apresentar hipermobilidade, edema articular e em processos inflamatórios. Algumas condições dentro da Oncologia devem ser cuidadosamente analisadas como doença em atividade, metástases ósseas, fraturas patológicas e não consolidadas e a dor excessiva.