Câncer Oncohematológico
O Fisioterapeuta é um profissional fundamental em uma Unidade de Transplante de Medula Óssea. Os pacientes a serem submetidos ao TMO necessitam de um grande período de internação, restringindo suas atividades, podendo levá-los a problemas em virtude da inatividade bem como distúrbios pulmonares, e tais situações podem ser evitadas com a realização da Fisioterapia.
O Fisioterapeuta é um profissional fundamental em uma Unidade de Transplante de Medula Óssea. Os pacientes a serem submetidos ao TMO necessitam de um grande período de internação, restringindo suas atividades, podendo levá-los a problemas em virtude da inatividade bem como distúrbios pulmonares, e tais situações podem ser evitadas com a realização da Fisioterapia.
◼︎ PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES
◉ SUGESTÕES DE TRATAMENTO
No gráfico abaixo é possível visualizar as sugestões de tratamento fisioterápico para cada uma das principais complicações.
Clique na complicação abaixo (cor escura) para ver mais informações e detalhes dos tratamentos.
Fisioterapia
Respiratória
Acupuntura
A fadiga e a fraqueza são uma das principais queixas dos pacientes oncohematológicos, principalmente naqueles que realizaram o Transplante de Medula Óssea. Em virtude da Fadiga e Fraqueza, os pacientes diminuem suas atividades e tendem a permanecer em repouso, contribuindo dessa forma para o descondicionamento físico. A fadiga caracteriza-se como um fenômeno multidimensional, e pode acarretar em diminuição da energia, da capacidade mental e da condição psicológica do indivíduo. Na fadiga há uma percepção subjetiva de cansaço, alterações no tecido neuromuscular e dos processos metabólicos, diminuição da performance física e motivação. A fadiga interfere nas atividades do dia a dia do paciente tais como: tomar banho, vestir-se, trabalhar, concentração, humor entre outros. O tratamento da fadiga deve incluir o manejo dos sintomas bem como a prevenção, buscando um equilíbrio entre descanso e atividade.
FADIGA ◼︎
TRATAMENTOS ◉ Fadiga
Terapia Manual
A Terapia Manual pode ser utilizada como auxiliar no alívio dos sintomas, por diminuir a tensão muscular, além de promover uma melhor circulação tecidual e diminuindo a ansiedade do paciente aumentando o relaxamento físico e mental.
Cinesioterapia
A cinesioterapia emprega exercícios passivos, ativo-assistidos ou ativos-livres e alongamentos a fim de prevenir ou minimizar os efeitos da imobilidade e promover uma maior independência funcional e reduzir a fadiga. Estudos demonstram bons resultados no controle da fadiga quando se realizam exercícios aeróbicos. Os programas de atividade física têm como objetivo desenvolver a força e o trofismo muscular, o senso de propriocepção do Movimento, resgatar a amplitude do movimento articular e devem ser supervisionados por profissional habilitado, sempre respeitando as condições atuais do paciente. A prática de atividade física pode melhorar o desempenho físico, emocional e, consequentemente, a qualidade de vida de pacientes com leucemia, durante e após o tratamento convencional (quimioterapia e radioterapia) e Transplante de Medula Óssea. Estudos sugerem que o programa de exercícios pode ter início no primeiro dia de cada ciclo de quimioterapia, com o objetivo de diminuir a fadiga e outras complicações relacionadas ao tratamento quimioterápico.
As complicações pulmonares são responsáveis por 40 a 60% dos óbitos em pacientes submetidos ao TMO, sendo a intubação oro-traqueal e a ventilação mecânica associadas a um alto índice de mortalidade durante os primeiros 100 dias após o transplante. Estas complicações são também uma frequente causa de reinternação, sendo assim, este paciente deve estar em constante contato com a Fisioterapia para prevenir e/ou tratar essas possíveis complicações, diminuindo seu tempo de internação e melhorando sua capacidade cardiopulmonar pré e pós transplante.
Infecções Respiratórias e Microatelectasias ◼︎
TRATAMENTOS ◉ Infecções Respiratórias e Microatelectasias
Fisioterapia Respiratória
A Fisioterapia respiratória objetiva auxiliar no tratamento e/ou prevenção de complicações respiratórias. O tratamento fisioterápico dependerá da avaliação do paciente, e principalmente da ausculta pulmonar. Podem ser empregadas técnicas de reexpansão pulmonar, que utilizam padrões ventilatórios com inspiração profunda, sustentação máxima da inspiração, objetivando atingir a capacidade pulmonar total. Para aqueles pacientes que necessitam de suporte ventilatório pós Transplante de Medula Óssea podem ser usados a ventilação mecânica não invasiva (VMNI), Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP), ou positiva Bifásica (BIPAP).
Náuseas e Vômitos ◼︎
Estes efeitos colaterais são muito frequentes, principalmente nos pacientes que se encontram na fase da quimioterapia. Apesar dos avanços farmacológicos no controle das náuseas e vômitos, estes sintomas ainda interferem na qualidade de vida do paciente em tratamento.
TRATAMENTOS ◉ Náuseas e Vômitos
Acupuntura
A acupuntura tem o objetivo de aliviar sintomas em diferentes situações com a utilização de agulhas e/ou outras formas como pressão, calor e o TENS. Em pacientes que apresentam náuseas e vômitos, esta técnica pode ser utilizada no sexto ponto do Meridiano do Pericárdio: PC-6. Este ponto localiza-se no antebraço, mais precisamente entre o tendão do músculo palmar longo e flexor radial do carpo, próximo a dobra flexora do punho. Autores descreveram a estimulação do PC6 por eletroacupuntura, no braço dominante, com frequência de 10Hz e intensidade variando em cada paciente, com duração de 5 minutos, antes da infusão da quimioterapia. A maioria dos paciente estudados referiram uma ausência das náuseas e vômitos por até 24h.
Aproximadamente 50% dos pacientes submetidos ao transplante de medula óssea apresentam a doença do enxerto contra o hospedeiro. Esta complicação pode ocorrer nos transplantes alogênicos. Os linfócitos T da medula do doador atacam o organismo do doente, por não reconhecimento celular. A forma aguda inicia-se de uma a três semanas após o TMO, podendo surgir como um eritema cutâneo, comprometendo pele e mucosas, começando por rubor e sensação de calor nas palmas das mãos e plantas dos pés. Depois, pode estender-se a todo o corpo. Podem surgir bolhas e feridas e descamação da pele. Também é frequente a ocorrência de mucosites do trato gastrointestinal, falência hepática e complicações pulmonares, como pneumonite intersticial e infecções subsequentes.
Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro - DECH ◼︎
TRATAMENTOS ◉ Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro
Cinesioterapia
Na fase inicial da DECH, devem ser evitados exercícios que aumentem a pressão intra abdominal, por conta das complicações intestinais. Nos pacientes que apresentam ardor e prurido nas palmas das mãos e planta dos pés, a cinesioterapia motora pode ser mantida, desde que sejam sempre supervisionados os exames sanguíneos do paciente. Exercícios na posição de pé por tempo prolongado geram desconforto ao paciente com hipersensibilidade e devem ser cautelosos. Os exercícios aeróbicos podem ser realizados, mas sempre respeitando os limites físicos do paciente. O Sistema músculo esquelético pode ser afetado provocando dor, contraturas musculares e articulares. A cinesioterapia deve ser indicada para prevenir as deformidades e manter a amplitude de movimento articular.
Exercícios Respiratórios
A DECH, no pulmão, pode se manifestar como uma bronquiolite obliterante, e exercícios respiratórios para reexpansão pulmonar bem como manobras de higiene brônquica podem ser necessários para uma melhora na função pulmonar.
Mucosite ◼︎
A mucosite oral é uma complicação comum e dose-limitante do tratamento oncológico. A mucosite grave pode tornar necessária a alteração ou até mesmo a interrupção do tratamento com sérias consequências na resposta tumoral e sobrevida do paciente, aumentando o risco de infecção local ou sistêmica. As lesões aparecem mais comumente na mucosa não-queratinizada. Os sinais e os sintomas variam desde um leve desconforto até lesões ulcerativas graves, comprometendo a nutrição e a ingestão hídrica do paciente.
TRATAMENTOS ◉ Mucosite
Laser
O laser de baixa intensidade vem sendo utilizado como forma de tratamento/cicatrização da mucosite oral e tem obtido respostas positivas do ponto de vista clínico e funcional. O tratamento com o laser age estimulando a atividade celular, conduzindo à liberação de fatores de crescimento por macrófagos, proliferação de queratinócitos, aumento da população e degranulação de mastócitos e angiogênese. Esses efeitos podem levar a uma aceleração no processo de cicatrização de feridas devido, em parte, à redução na duração da inflamação aguda, resultando numa reparação mais rápida. Estudos mostram bons resultados no uso do laser de baixa potência He-Ne (632,8nm, 60mW, 2J/cm2 ) aplicado diariamente, durante sete semanas. O laser é uma técnica simples e não-traumática para a prevenção e o tratamento da mucosite de várias origens, sendo capaz de reduzir a gravidade e a duração da mucosite oral. Seus resultados mostraram uma redução da dor e uma melhora na habilidade de ingestão.
Fisioterapia Respiratória
Durante a fase da mucosite, o paciente apresenta uma respiração mais superficial e uma dificuldade na expectoração das secreções devido à dor na região da orofaringe, que está mais sensível pelo processo inflamatório. A realização de exercícios respiratórios neste período é indicada com o incentivo de uma inspiração profunda, e de preferência na posição sentada.